19 de janeiro de 2015

[Resenha] 1984, George Orwell

Sinopse: Winston, herói de 1984, último romance de George Orwell, vive aprisionado na engrenagem totalitária de uma sociedade completamente dominada pelo Estado, onde tudo é feito coletivamente, mas cada qual vive sozinho. Ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão, a mais famosa personificação literária de um poder cínico e cruel ao infinito, além de vazio de sentido histórico. De fato, a ideologia do Partido dominante em Oceânia não visa nada de coisa alguma para ninguém, no presente ou no futuro. O’Brien, hierarca do Partido, é quem explica a Winston que 'só nos interessa o poder em si. Nem riqueza, nem luxo, nem vida longa, nem felicidade - só o poder pelo poder, poder puro.'


1984
George Orwell
Editora Companhia das Letras
416 páginas






"Liberdade é a liberdade de dizer que dois mais dois são quatro. Se isso for admitido, tudo o mais é decorrência."
Como um livro que foi escrito em 1948 consegue se adequar tão perfeitamente no modelo de sociedade em que vivemos? George Orwell conseguiu criar uma distopia que consegue ser genial e ao mesmo tempo assustadora.
Winston vive na Oceania, um dos três megablocos (Oceania, Eurásia e Lestásia) que formam o mundo de 1984 e que estão sempre em constante guerra. O regime político é a Ditadura do Grande Irmão, ele está sempre de olho em você e tudo o que você faz, seja por microfones escondidos ou pelas teletelas que transmitem para o Partido tudo o que se fala e faz, toda essa invasão é para manter a paz, seguindo o lema do Partido:

Guerra é Paz
Liberdade é Escravidão
Ignorância é Força


Winston trabalha no Ministério da Verdade e seu trabalho é alterar discursos e publicações anteriores de acordo com os interesses do Partido. Mas nem sempre a vida na Oceania foi assim, ele sabe por lembranças próprias que nem sempre o Partido teve domínio de tudo, e os mais velhos também tem esse tipo de memória... mas esquecem esse tipo de lembrança pois ela é considerada um crime. Só o ato de pensar contra as ideologias do Partido é punido com morte, só que não no sentido literal... a pessoa desaparece e tudo o que é remetido a ela desaparece também, é como se ela nunca tivesse existido.

"Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado."

Winston sabe que não é o único ser humano que pensa da mesma forma que ele, e quando Julia se declara para ele de uma forma sigilosa ele vê nela uma aliada para lutar a sua guerra particular contra o partido. Se encontrando as escondidas e tentando manter seu amor fora dos olhos do Partido, Winston aluga um quarto desprovido de teletela e esse se torna seu ponto de encontro com Julia. Por meio de um contato ele recebe um livro que vai contra as ideias do Partido e lê a obra para Julia no seu local de encontro, mas como não tudo são rosas, ele acaba por ser traído e preso por traição.
"Quando você ama alguém, ama essa pessoa e mesmo não tendo mais nada a oferecer, continua oferecendo-lhe o seu amor."

1984 não é um livro fácil de ler. Em alguns pontos a leitura se torna muito maçante e bastante repetitiva pelas divagações de Winston, por ele estar sempre sozinho em seu mundo a sua mente está em constante trabalho e somos inseridos em muitas memórias que o próprio Winston não sabe se são verdadeiras. Em certo ponto quando Winston está com o livro de Golsdtein em mãos eu tive vontade de pular as páginas, tudo que Winston já tinha passado anteriormente estava sendo descrito denovo mas de uma forma mais técnica, cansativa e passar por essas páginas foi um teste de paciência.

É interessante também deixar bem claro que esse é um livro de ficção, mas se adequa bastante em alguns pontos da sociedade. A guerra entre os três blocos se assemelha bastante aos conflitos da Guerra Fria, em grande parte por serem uma batalha de interesses e idéias , o que pode ser pior que uma guerra física, o constante temor por não saber o que o outro está fazendo acaba por criar uma alienação em torno do adversário.
"Enquanto eles não se conscientizarem, não serão rebeldes autênticos e, enquanto não se rebelarem, não têm como se conscientizar."
Aliás, como controlar o pensamento da população a não ser pelo medo e pela dor? O importante é que os fins justificam os meios e o Partido usa muito bem desse artifício. Se for necessário o pior castigo físico e mental para que a pessoa passe a ver pela forma que o Grande Irmão deseja, é isso que será feito. 1984 merece cinco estrelas com mérito, pelo questionamento filosófico que te proporciona e será que não estamos vivendo a margem do Grande Irmão?
"Eles não tinham como alterar seus sentimento: aliás, nem mesmo você conseguiria alterá-los, mesmo que quisesse. Podiam arrancar de você até o último detalhe de tudo o que você já tivesse feito, dito ou pensado; mas aquilo que estava no fundo de seu coração, misterioso até para você, isso permaneceria inexpugnável." 


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5 comentários:

  1. Eu tenho muita vontade de ler esse livro e fiquei ainda mais curiosa depois de ler sua resenha. Espero ler em breve. Beijos!

    http://livro-apaixonado.blogspot.com.br/

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    1. OI Julia, recomendo a leitura, é um dos livros essenciais da literatura e importante pra gente entender o conceito de sociedade em que vivemos.
      Obrigada pela visita, um beijo

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  2. Só escuto comentários positivos deste livro, estou louco para lê-lo! Gostei muito da resenha, beijos, Fabiano Carneiro.

    https://liesonhei.wordpress.com/

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    1. Então leia! é um livro otimo!

      Um beijo e obrigado pela visita

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  3. Eu quero muito ler esse livro, gostei mais dele depois da sua resenha. Parabéns
    Beijos!

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